É, não que nessa semana não tenha acontecido nada de útil (para eu me prestar a escrever sobre Restart, é se deduzir isso). No entanto, fora uma semana bastante corrida, trabalhos da faculdade, leituras... Nesses momentos nada melhor pra relaxar que deitar na cama como uma boa banda zoando no player. Putz, Legião, Engenheiros, Capital, Radiohead... O problema é que na casa ao lado, a casa da minha vizinha de 12 anos, rolava ReStArT. Coisas desse tipo me trazem uma enorme tristeza: “o poeta” se foi a 11 de outubro de 1996, a esse ano eu tinha quase 10 anos, mesmo assim já escutava Legião Urbana (obviamente que não com a criticidade que de hoje em dia, mas já ouvia). No inicio dos anos 2000, com o amadurecimento natural, já captava as sacadas genais do poeta, e as entrelinhas de cada música. Ouvir Legião Urbana era como um estado de orgasmo intelectual, cada faixa, cada acorde invadia-me com o peso de UMA LEGIÃO.
Ah, bons tempos aqueles. Mas então chegamos ao final da primeira década do século e com ela surge uma nuvem de bandinhas “happy”, com roupas que quanto mais ridículas mais parecem fazer sucesso; com um som estritamente comercial dotado de duas estrofes pequenas e um refrão grudento que tenta de todas as formas (e em todas as músicas) rimar “amor” com “dor”. Não bastasse isso eles realmente acham que tem identidade e pior, os fãs deles – público infanto-juvenil – também acreditam que eles têm identidade. A geração Restart, Cine, NX 0, Fresno e tantos outros, é a geração da transgressão, mas não aquela transgressão pregada pelo rock dos anos 60, 70 e 80. É a transgreção do próprio rock: a ausência de um paradigma, de uma causa pela qual lutar. É o rock “água-com-açúcar”, sem profundidade e nem densidade. Letras que falam muito mas não dizem absolutamente nada, que não necessita de uma mínima reflexão sequer. É algo posto e imposto pelas gravadoras e redes midiáticas, que exploram esse mercado infantil até a última gota. Em recente pesquisa divulgada pelo IBGE, mostrou-se que 7 em cada 10 pais brasileiros, permitem que suas crianças escolham o que vai vestir e comprar. São crianças que estão se sobrepondo aos pais e cada vez mais realizando suas vontades. Ora, sabidamente todos os nossos desejos nos são exteriores (uma vez que não temos idéias inatas, só podemos desejar aquilo que conhecemos), e assim sendo, o apelo visual. E o que isso tem a ver com essas bandas? Simples, olhem bem os trajes desses seres: tudo muito colorido, tudo muito chamativo, exatamente o que criança mais gosta. Vai além: todas essas bandas têm uma “marca”: os clipes do NX 0 são cheios de “caras e bocas”; o Fresno da interação entre os músicos sempre cheios de muito abraço e misturando clipes com shows; o Cine... Bem, o Cine... Ééé... Humm... Enfim, dessas a mais notória (e vexatória) é a do Restart, que são as roupas extremamente chamativas e a idéia de chamá-los entre si, e aos seus fãs, de “família”. Não acredito que eles dominem muito bem esse conceito.
Meu fiel amigo leitor, confesso que este texto não foi tão bem embasado – se bem que, há de convir comigo – em se tratando do tema em questão, não se tem tanta necessidade de se ir tão à fundo. Por um longo tempo da minha vida, cheguei a pensar que músicas como as de Renato Russo e Cazuza, seriam eternas. Todas as gerações iriam conhecê-las e a reverenciá-las como as gerações imediatamente anteriores. Contudo, conforme o tempo vai passando, começo a achar que pertenço á última geração que “se salvou”; à última que conheceu e curtiu, como um todo, esses gênios da musicalidade. Conforme o tempo vai passando, me sinto cada vez mais como “o último dos moicanos”.
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