terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A defesa de nossos valores

Por André Andrade



Nossas opiniões provêm de nossas paixões, portanto, emanados de nosso espírito, como afirmava Sartre e muitos outros antes dele. Por isso, levamos às últimas conseqüências aquilo que “sentimos” ser o certo e com isso mandamos a neutralidade axiológica às favas. Todavia, existe coisa mais lógica que essa??? 

Defendemos até onde podemos os nossos ideais, e intrínseco a isso os valores aos quais prezamos. Simples assim: se fazemos parte de determinada instituição, ninguém nunca nos ouvirão desfazendo dela, do contrário, estariamos se desfazendo de nossas opiniões,  de nossas crenças, ou seja, de nós. Podemos tecer críticas internas quanto ao grupo que pertençemos, no entanto, algum engraçadinho que vier dizer coisas sobre o nosso grupo que não nos agrade, não ficaremos satisfeitos. Aqui cabe até aquela piada do argentino que, ouvindo brasileiros falarem das mazelas do país, entrosa-se na conversa tentando fazer coro aos desiludidos que, num passe de mágica, faz aflorar um chauvinismo telúrico tangendo o argentino com suas idéias “contraditórias” a respeito do Brasil.

Os valores são sentimentos categoriais cultivadas pelas pessoas aos  quais alimentam dentro de si seja para aderir-se a coletividades, seja para criar uma identidade razoável que as façam diferirem das outras e assim perceberem que “existem” (eis aí a necessidade de uma boa educação para cumprimentar as pessoas com um bom dia...). 

Existem valores mais restritivos, que variam muito de pessoa para pessoa, e que por isso são os mais polêmicos.  Porém, não quero aqui defender aquela velha idéia retrógada de que política, religião e futebol não se discutem, ao menos no campo científico. Me abstenho de discutir questões injuriosas com pessoas que tomam suas paixões como verdades absolutas. Essas pessoas desconhecem palavras como dialogicidade, alteridade e bom senso. Saem por aí a digladiar suas opiniões e se acaso ostentar alguma titulação, então a razão pousou ali e ali se estabeleceu.

Posso levar um lero com colegas e amigos em que se esteja sendo consideradas as três palavras citadas acima. De outro modo, é infrutífero. No que se ganha em um debate no qual cada quer demonstrar que seu time/partido/religião é o/a melhor? Raiva, perca de tempo, de juízo, e até de vida. SIM!! A defesa de nossos valores é a defesa de nossas vidas, e ninguém vai abrir mão delas num diálogo que conclame toda a sua subjetividade à disputa retórica, e que pode descambar para a física. A desavença habita nestes tipos de diálogos em que não se consideram as três palavras mágicas. Alguém poderá  afirmar que as palavras em voga podem ser resumidas a uma: tolerância; opinião sensata a qual concordo veementemente. 

Faço essa palestrada toda porque presenciei nos períodos eleitorais discussões totalmente infantilizadas porque colocavam-se em pauta opiniões infundadas que levava o “apaixonado sem base” a fomentar céleres formulações sem nenhum fim, sem nenhuma relevância. É como a briga de galos em Bali, como relatou Geertz, no qual as opiniões são os galos, e não importa de que forma tresloucada as coloque, não estou visando o conteúdo, o que quero é ganhar dos adversários. Mas, aonde isso vai nos levar? Prefiro não comentar.

Os ídola baconiano estão à solta em nossos tempos, e a des-coletivização da vida humana se torna um perigo iminente em tal conjuntura. Seria caso de estarmos voltando ao nosso estado de natureza (se é que esse estado existiu!) porque defenderemos até a morte, se for preciso, aquilo que consideramos como os valores ideais? Entretanto, isso já num acontece, pois o que é o fundamentalismo religioso senão a imposição de valores de determinada religião a outros indivíduos de outras religiões? 

Como já disse, é a coisa mais normal do mundo o indivíduo defender aquilo que acha certo, que segue, que fuma, que faz, porém tudo começa a fugir da normalidade quando os indivíduos que possuem um denominador comum começam a impor suas paixões aos outros indivíduos que divergem das opiniões que o grupo consonante quer impor.

Com isso, quero dizer duas coisas.1- vamos parar com essa besteira de dizer “-fulano defende isso porque faz isso; -beltrano concorda com aquilo porque pertence à mesma laia”, pois isso é um TRUÍSMA (essa palavra é necessária nessa situação) e, se repetir isso é uma redundância inconveniente, achar nisso a causa daquilo que se defende é assumir inteira falta de reflexão e querer isentar-se de debates que prezem pela tolerância.

2- Mais que isso, perguntemo-nos, o que é que as pessoas têm de aprender primordialmente? Bem, essa é a problemática maior que ponho em discussão e, portanto, mais complexa, o que me levar a fazer uso do a meu ver. A meu ver, e isso todo mundo sabe de cor, precisamos de respeito mútuo. Certo, mas o Panóptico Social não está interessado em repetir o mundo de fadas desses jargões que todos repetem em mensagens bonitas (como faz certa apresentadora), mas ninguém respeita. Entretanto, não quero deixar exausta/o a/o cara/o leitora/o. Não é essa a nossa pretensão, e como já disse o pai de Humberto, pensar requer calma e tempo, então, posterguemos essa discussão para um próximo post.

P.S: Aos caros leitores, seria caso de começarmos um movimento “Cadê o Humberto” aos mesmos moldes do “Cadê o Belquior”? Aguardo comentários.

2 comentários:

  1. Humberto foi achado em Itabuna sem escoriações (visíveis) e cantando "Tente outra vez". Em Itabuna, todos se acham...rsrsr

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  2. É..ele cansou de ficar na lagoa..coach. coach!
    seja bem vindo negão..aqui é o seu lugar transitório..rsrsrs

    Maik

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