sábado, 25 de dezembro de 2010

Vida de Cágado

Por André Andrade


Defronte à parede
Contemplo o microcosmo que me cerceia
Não percebo nada em derredor, estando só com minha dó
Nem vejo o dia clarear, pra mim o sol não há de raiar

Todas as coisas mudam
Se não mudassem não seriam coisas
A não ser o tempo que não muda, só passa
O tempo e eu, uma não-coisa

Da comida ao estrume
Persisto em meu costume
Carrego o peso de minha existência
Mas não  reclamo não, casco duro como a vida
Reclamações não irão mudar a minha condição

Vivo a olhar na parede
E beber água quando sinto sede
Olho ao meu redor com minha visão limitada
E a grandeza do universo me diz que não sou nada

Recolher-me-ei em meu canto, preenchido de desencanto
A continuar no meu ócio, ócio fatigante
Recolher-me-ei em meu casco
A contemplar o tempo passar num fiasco

Eu e o tempo, tudo passa.

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