Por Humberto Rodrigo
Assistindo ao horário político e mentalizando sobre uma música do Engenheiros, me Vem a questão: QUEM SÃO ELES? QUEM ELES PENSAM QUE SÃO? É incrível como algumas músicas nos despertam a capacidade de mentalizar sobre a realidade atual em que estamos inseridos. Em tempo de eleições uma horda de pseudo-celebridades que nunca participaram sequer de uma reunião de condomínio, aparecem à tela quase que implorando por votos, em programas que mais se assemelham a humorísticos.
Quem são eles? Quem são esses pretensos candidatos? Em geral são pessoas que não sabem nada de política. Uma corja de aventureiros, palhaços, hipócritas e sensacionalistas que vêem congresso e o senado como um local onde eles vão aprender a fazer política. Alguém, por favor, avise ao senhor Francisco Everardo Oliveira Silva (o vulgo Tiririca) candidato pelo PR, que o congresso nacional não é uma escola onde ensina a ser deputado. O deputado se faz na convivência do dia-a-dia. Da observação, e desejo de mudança, da vida ao seu redor. Agora, sou obrigado a agüentar um programa vexatório de um cidadão que vem dizer: “O que é que faz um deputado federal? Na realidade eu não? Mas vote em mim que eu te conto”. Senhor Everardo, não, o senhor não terá o meu voto e nem o de quem está compromissado com uma política séria. Candidatos como o senhor Everardo, encaram o plenário como um grande picadeiro, onde após a apresentação todos riem e batem palmas; são aclamados pelo público e pronto está cumprido o seu papel enquanto legislador. Talvez ele até sugerisse, como projeto de lei, o “Vale Riso”, assim toda a população estaria feliz, afinal.
Me pergunto o que seria se elegêssemos o Kiko do KLB e a Mulher Pêra (?). De uma coisa, ao menos, teríamos a garantia: festa é o que não faltaria. Depois chegaria o Maguila espancando a todos por não ter o seu projeto (?²) aprovado, culminado com o simpaticíssimo Ronaldo Ésper com a sua emenda constitucional a favor da mudança nos ternos de 4 para 3 botões.
A desmoralização para com a política nacional é tão grotesca que pseudo-personalidades se predispõem a papéis desse nível. Figuras excêntricas, sempre foram comuns em época eleitoral, o movimento que tem se intensificado é de celebridades de segundo calão tentarem migrar para o legislativo. Quem eles pensam que são? Por que tiveram, em geral, uma efêmera aparição na TV pensam eles que estão habilitados a legislar? O que se sabe de cada um deles: Do Kiko, apenas que participava de um grupo que fazia regravações de antigos “sucessos” e/ou versões de outros “sucessos”; Da “Mulher Pêra” conhece-se mais a bunda dela do que a tal. Estaria vindo aí mais um vale, dessa vez o “Vale Shortinho”? Enfim. Do Ronaldo Ésper sabe-se que é uma pessoa de personalidade difícil que arrumava com outras celebridades da mesma casta que ele e que estourava balões na TV [sic]; O senhor Maguila é tão famoso pelo boxe que lutou quanto pelas pérolas que vez ou outra solta aos quatro cantos; O Tiririca é aquele mesmo da música de refrão grudento e insuportável da década de 1990. São essas, meus caros leitores (alguém realmente lerá isso?), as credenciais que habilitam esses, e tantos outros, famosos de segundo calão à concorrer um posto no plenário do país que você vive. Pouca a pretensão deles, não é mesmo?
De hoje em diante, tamanha a palhaçada que se tornou a propaganda política, eu só assisto-a vestido à caráter: com um belo nariz de palhaço e batendo palmas a cada “celebridade” que aparece à tela, com a mesma intenção de quem sobe ao palco em um show: anima a platéia. Iniciei o texto com uma reflexão que me veio ao traçar um paralelo entre uma música do Engenheiros do Hawaii (Terceira do Plural) e o Horário Político Eleitoral. Sabem, tem uma outra música do Engenheiros que também dá para fazer um paralelo com o Horário Político. É a Outras Freqüências. Mas especificamente quando ele diz: “Mas nós, dançamos no silêncio, choramos no carnaval; Não vemos graça nas gracinhas da TV, Morremos de rir no horário eleitoral”.
Você não votou, não mora no estado de São Paulo, mas 1.353.820 de eleitores votaram. Protesto? Analfabetismo político? Não sei.....
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